Dia Internacional da Mulher

Estou comprando tempo, se alguém souber onde tem para vender e por um preço acessível, avise! É, os dias de semana estão tão ocupadíssimos que as horinhas que me restam no final do dia para escrever algo aqui são usadas para me recuperar do cansaço ''cerebral'' do dia. Digo cerebral, pois o meu cansaço não é propriamente físico, mas é incrível como a mente da gente quando exercitada ao extremo consegue mandar sinais de fadiga para todos os músculos do corpo da gente.

E por toda esta falta de tempo e ânimo, não falei nada sobre as comemorações do dia da mulher. Na verdade, nem me dei conta de que era o Dia da Mulher. Pouco ouvi falar sobre este dia nos meios de comunicação daqui, e no meu atual local de trabalho. O que me fez refletir sobre a época em que morava no Brasil, onde lembro que pelo menos no local de trabalho e na faculdade, os homens com quem eu trabalhava e estudava vinham parabenizar as mulhers, uma por uma, alguns com algumas piadinhas bestas, mas a grande maioria com uma atitude bem espontânea e madura (será que ainda é assim?).

Quanto aqui, nadinha! Até hoje, nunca eu vi um colega de trabalho vir parabenizar uma mulher por livre e espontânea vontade. Não que isto seja uma cobrança, longe disto, porque eu mesma nem me lembro deste dia e a minha opinião de ter um dia especial para isto é ainda, na minha cabecinha, muito confuso. O ponto que quero chegar é em relação a espontaneidade do homem brasileiro neste assuntos.

Ao meu ver, apesar da sociedade brasileira ser muito machista, o homem brasileiro se sente muito mais a vontade no seu relacionamento com o sexo ''frágil'' se comparado ao "aussie bloke" Aqui, os homens parecem ter um certo medo ou timidez de fazer qualquer elogio a uma mulher. Ainda estou para descobrir se é medo ou timidez, ou uma mistura dos dois. Vejam só, não sei se ajuda na minha teoria ou não, mas observo o seguintes exemplos e me pergunto se eles contribuem para tal atitude:

  • A maioria das escolas não são mistas. Não entendo o porquê de não misturar... (medo?)
  • A gente não vê garotos e garotas andando de mãos dadas com amigos do sexo oposto e nem do mesmo sexo (lembro que com a minha turma de amigos, vivíamos de mãos dadas, abraçando um ao outro, beijinhos para dar oi, beijinhos para agradecer, beijinhos para dar tchau - às vezes até demais para o meu gosto, já falei que me sinto sufocada com muita pegação e nem de massagem eu gosto?) (timidez?)
  • Não existe paquera, aqueles olhares insinuantes cheios de malícia, aquela troca de olhares ao se caminhar pelas ruas ou ao se parar num sinaleiro. (medo e timidez?)
  • O Clube do Bolinha parece existir em se tratando de ir ao pub tomar cerveja. É só dar uma passadinha nos pubs daqui para ver a quantidade de grupos exclusivamente masculinos se fartando de beber e falando sobre rugby e cricket. Dificilmente suas namoradas ou esposas são convidadas para tais reuniões. (timidez de falar destes assuntos com mulheres?)
  • A maioria sai de perto quando numa conversa o assunto passa a ser muito ''banal'' (moda, cabelos, sapatos...) ou começa a revelar detalhes mais pessoais (emoções, dores menstruais... nesta horas aquela saída estratégica é acompanhada da expressão ''too much information''', ou, ''muita informação para o meu gosto''). (medo?, timidez?)
E ainda não conseguem distinguir quando uma mulher está simplesmente interessada em ter uma amizade, de quando o interesse é outro. Outro dia, um colega me contou que trabalhou num projeto que envolvia uma equipe no Brasil. Ele se comunicava com a líder do projeto de lá quase que diariamente, através de e-mail, telefonemas ou através de mensagens. A brasileira, além dos assuntos relativos ao projeto, também perguntava coisas sobre a vida aqui, sobre ele, etc..., mais do que natural, já que só falar de tecnologia num projeto de uns seis meses seria um tédio. Ele me mostrou algum dos e-mail para mostrar como a menina estava se ''insinuando'' para ele. Gente, caí na gargalhada, pois não havia nada de insinuação, era apenas uma pessoa querendo quebrar o gelo. E ele se achando o rei da cocada! Quando eu perguntei se havia lhe passado pela cabeça que a guria só estava tentando ser amigável, foi como se eu tivesse dito que a descobriram que teoria da relatividade era apenas um mito!

Quando frisei o meu atual local de trabalho lá em cima, era para me lembrar de falar mais uma vez da espontaneidade do povo brasileiro:
  • No Brasil trabalhei para uma empresa nacional. No dia da mulher não havia nenhum evento especial promovido pela empresa. Não haviam cartazes, reuniões, cafezinho, bolinhos, comunicado de presidente, nadinha de nada, mas mesmo assim a data era lembrada espontaneamente pelos homens.
  • Aqui, trabalho para uma empresa não australiana. O dia da mulher é lembrado a nível corporativo com vários eventos pelo mundo todo: palestras, podcasts, festinhas, prêmios, comunicado de presidente, cartazes, enfim, é bem visível, mas mesmo assim nenhum homem parabeniza as mulheres por livre e espontânea vontade. Se há alguma manifestação é porque está tão na cara que não há como evitar.
  • Como estou trabalhando para um cliente, o meu atual local de trabalho é na empresa do cliente. Esta é uma empresa 100% australiana e do governo. E adivinhem, a data passou em branco a nível corporativo.

Será que dá para utilizar o microcosmo de empresas para demonstrar como tal data é vista por diferente sociedades?



Beijocas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu mesma quase esqueço do dia. Aqui teve um encontro para mulheres promovido pelo governo e saíram várias matérias no jornal. Mas no trabalho, mesmo, passou em branco.
Beijos!

Anônimo disse...

Olá: Visite este blog. bjs!!!
Solange Oliveira (Brasil)
www.rendaturca.com.br

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