Debutamos!
O tempo passa muito rápido!
Hoje faz 15 aninhos que estamos aqui! E o balanço e lembranças destes anos todos aqui? Sei lá, tanta coisa, mas vamos por partes.
Lembranças:
- Formatura na sexta-feira anterior à partida de Curitiba.
- Correria arrumando a mala.
- A choradeira no aeroporto.
- Eu chorando desesperadamente no caminho Curitiba - São Paulo.
- O dia ensolarado, porém frio quando chegamos aqui.
- O hotel e o bairro onde ficamos.
- O bairro... ah, o bairro. Ficamos em Kings Cross e lembro de ter ficado horrorizada ao ver prostitutas e drogados nas ruas em plena luz do dia (santa inocência)! Queria ir embora!
- O vento gelado.
- Vegemite no café da manhã. Pensei que fosse creme de amendoin e passei uma camada generosa no pão. Quase vomitei e desde então passo longe desta mania australiana.
- Procura de cursos de inglês para mim.
- Banco. Foi tão simples abrir uma conta!
- Supermercado. E porque uma ala inteirinha só para sucrilhos de todos os tipos e tamanhos? E porque só encontro nescafé, cadê o café de verdade?
- Maionese. Não chegamos a vomitar, mas tivemos que cuspir. Já viram maionese doce?(finalmente, há uns meses encontrei um lugar que vende Helmanns, ufa...)
- Baratas. Nunca tinha visto tantas, milhares delas, andando pelas calçadas de Sydney como se tivessem todo o direito de estarem ali. Elas ainda se julgam donas das calçadas, latões de lixo, e também pensam que podem compartilhar a mesma casa que os seres humanos (mas não aqui em casa).
- Povo. Mais pessoas idosas que no Brasil e a falta de miscigenação. A falta da mistura de raças ainda é tanta que algumas vezes brincamos que algumas pessoas são meio estilo Deliverance (o filme).
- Povo. Adoram andar descalços! Como usam tênis. Como usam roupas pretas!
- Sotaque. E eu saí do Brasil achando que entendia inglês, porém nunca me disseram que o sotaque australiano poderia ser incompreensível.
- Carne. Que gosto horrível!
- Que povo educado, não jogam lixo no chão e os motorista páram na faixa de pedestre!
- Cappuccino. Delícia!
- Procura de apê. A definição de moderno aqui não é a mesma que a nossa. Moderno é o nosso velho. Ah, e o que dizer dos lugares que vimos...(um post à parte, no momento imaginem pocilgas).
- Procura de apê. Tive que mudar o meu nome e adotar o sobrenome do maridão. Coincidência ou não, depois que fizemos isto seguindo o conselho de alguém, conseguimos alugar um apê.
- Queríamos um colchão de espuma ortopédico, e nos disseram que colchão de espuma só vendiam para as penitenciárias, para o cidadão não-fora-da-lei teríamos que aceitar os colchões tipo box (por anos fingimos que éramos fora da lei, pois compramos um colchão de espuma!).
- Entrevista de emprego. O quê? Você é brasileira? Não acredito! Como é que pode você ter experiência com computadores de grande porte vindo de um país como o Brasil?
- Entrevista de emprego. Ah, você é do Brasil? Me conta uma coisa, você tinha macacos no quintal da sua casa?
- Brasileira? Como pode ser brasileira sendo de cor clara? Ah, talvez possa ser verdade pois você tem os cabelos escuros.
- Saudades imensa de casa (e nem mesmo os 15 anos fizeram este sentimento mudar, é tão intenso quanto a primeira vez que senti isto).
- Ué, não tem feijão preto no mercado? E farinha de mandioca (ainda não encontrei)
- Bibliotecas. Gente que diferença! Quantos livros! Deu/dá uma peninha de lembrar da Biblioteca Pública de Curitiba...
- Crediário. Como assim, não tem parcelamento, e que história de crediário invertido, pagar por uma mercadoria e só retirá-la após todas as parcelas terem sido quitadas (lay buy).
- Médicos. Como? Não posso consultar um ginecologista sem antes ver um clínico geral? Eu sei que eu preciso ver um gineco, porque tenho que ver um clínico geral primeiro? É, não dá para consultar com um especialista sem antes ver um clínico geral que então decidirá se você precisa ou não ver um especialista.
- Médicos. Doutor, como é, vai me examinar ou vai só fazer perguntinhas? Quer que eu responda a este questionário no final da consulta? Não vai me ''apalpar'' para ver se está tudo certinho comigo?
- Comida. Que mania é esta de comer tudo com muita pimenta/chilli? Fomos a um aniversário num restaurante tailandês e comemos apenas arroz (hoje já conseguimos comer algo mais picante).
- A lista é grande, mas devido a hora da noite, vou parar por aqui.
Balanço:
- Faria tudo novamente? Sim, sem hesitação.
- Arrependida? Nem um pouco.
- Feliz? Muito.
- Saudades? Demais, é sufocante algumas vezes.
- Voltaria para o Brasil? Sim.
- Ficaria aqui para sempre? Sim.
- Aprendi a ver o meu país sobre outro ângulo. A valorizar coisas que não valorizava, a criticar coisas que não criticava.
- Aprendi a apreciar diferenças culturais e respeitar tais diferenças.
- Aprendi a me proteger e me defender de preconceito.
- Aprendi tanta coisa, mas o mais importante é que continuo aprendendo e enquanto estiver aprendendo, tudo vale à pena!
Aos meus pais: obrigada pelo apoio, e por nunca terem dito não às coisas que decidi fazer na minha vida.
Ao meu pimpolho amado: obrigada pela paciência (quase que diária) comigo!
Beijocas!
Foto: photo.com
segunda-feira, setembro 18, 2006
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Marcadores:
Austrália
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17 comentários:
Você conseguiu resumir tão bem esses 15 anos! O texto ficou super legal!
Parabéns, Edelize! Que você tenha sempre muito sucesso no caminho que você escolheu!
Beijocas!
Adoreiiiiiiii o seu resumo dos 15 anos... acho que quando eu chegar nem vou lembrar dessas coisas todas.. heheheh. E sabe que aqui já tem feijao preto e farinha de mandioca? agora, baratas.. nunca ia imaginar! Parabens pra vcs! :)
parabens pelos 15 aninhos!! bjs da je
Oi moça!
Lindo seu post, adorei o resumo da sua história. Minha filha (mora in UK) fala o mesmo sobre médicos. Agora, baratas... nem pensar: vou tirar esta cidade do meu roteiro! rs Parabéns pelos 15 anos!
beijos,
Nossa, Edelize, que lindo! ja faz 15 anos entao que voce esta aqui!?
Eu me vi em vaaarias partes de sua descricao. Quanto as baratas, aqui eu nunca vi nenhuma na rua, mas em compensacao em casa... no verao e um inferno.
Ja me perguntaram varias vezes como posso ser brasileira sendo tao clara tambem, vaaarias vezes.
Voces nao tem filhos?
Adorei o post. Parabens.
Um beijo
Ione Obrigada pelos votos de sucesso. É engraçado como certas coisas ficam marcadas na memória da gente. 15 anos se passaram e eu ainda sinto/revivo todas estas lembrancinhas gostosas. Beijos!
Claudia É só você manter o blog ativo, pois algumas de suas lembranças estão lá (cuide bem dele). Estou atrás de farinha de mandioca pois estou com a maior vontade de uma farofinha... Beijos - e o blog do casamento está maravilhoso!
Jê Obrigada irmãzona! E pensar que você só tinha 11 aninhos, um pirralha! Saudades e muitos beijos!
Tininha Estas baratas são de matar qualquer um, e imaginar que eu sou daquelas que ao ver uma só consigo gritar! Andar pelas ruas nas noites de verão é muito estressante para mim, pois passo a maior parte do tempo olhando para o chão para ter certeza que não irei pisar numa, ou pior, que nenhuma delas irá passar sobre os meus pés, e daí a neurose começa e que tal se uma resolve escalar as minhas pernas? Te disse, pura neuras, mas é que odeio baratas!
Oi Thaís. Para acabar com as baratas, só mesmo apelando para dedetização anual, assim as mantemos fora de casa. Também colocamos telas em todas as janelas e portas. Eta bichinho que eu odeio!
Não temos filhos. Está tão bom só nós dois, e depois acho que seria muito díficil para a gente criar uma criança aqui sem a ajuda da família. Sei lá, é complicado... mas quanto mais penso, menos penso em ter filhos, e não é porque não goste de crianças, pois adoro, só que não me vejo mãe sem ninguém por perto para me ajudar... (pura covardia também).
Beijos!
Olá Ede,
Vim aqui ter e adorei.
A descrição destes 15 anos está excelente.
Interessante a forma com simplifica tudo, mesmo as coisas mais difíceis.
Um abraço cá deste lado.
OI Fifi
Pois é.... não 15 dias e sim 15 anos, graças a Deus em busca da felicidade
do seu ideal.... parabens voce venceu e deu tudo certo ficamos felizes bjs
no seu coração... mãe.
pé de salsa Obrigada. É verdade, tudo parece mais simples quando recordamos, mas teve uns momentos meio difíceis no caminho, por sorte foram tão poucos que a gente nem se lembra mais.
Já passei no seu blog e amei as fotos, e principalmente o poeminha da Porta (depois te conto o porquê). Beijos.
Mãe Obrigada! Ainda não me dou conta de que faz tanto tempo assim. Dizem que o tempo passa rápido quando a gente tem muito o que fazer e gosta do que faz... Beijocas!
Nossa 15 aninhos!!Estou a seis na Alemanha e parece uma eternidade,mas o importante e ser feliz!Beijocas
Lia Certissíma, o mais importante é ser feliz, e enquanto estivermos neste estado de espírito, está tudo ótimo! Beijos!
Adorei esse post, nossa, emmuitos aspectos que vc citou, até parece que era eu que escrevia por seu teclado...
é isso mesmo, viver em outro pais, em outra cultura, tem seus pròs e contras, mas no final das contas e um exercicio mais que vàalido.
Beijo grande!
Nossa Ede, que LINDO post!! Me deu até um nó na garganta e fiquei imaginando todas as situações!
15 anos é muita coisa, e realmente não é fácil não. Imagino quantas coisas você não passou, quantas dificuldades, e ter que se adaptar mesmo na marra porque senão tudo se torna inviável.
Por mais que a gente leia, pesquise, visite, imagine um país, nada mais nada é como imigrar e morar nesse lugar! Uma experiência única.
Beijos
Nathanne Parece que todos nós que moramos fora do país temos experiências parecidas mesmo. Coisinhas pequenas, como ir ao médico, se tornam quase que uma saga. Concordo com você, vale a pena! Beijão!
Paulo Você definiu bem, adaptar-se mesmo na marra. Sabe, chegou uma época que a opção era: reclamar de todas estas coisinhas e se tornar uma pessoa rabujenta, ou 'aprender' a aceitá-las e usar o tempo que gastaríamos reclamando procurando o lado bom de viver fora do país! Optamos pela última (mas não dei uma de Polyana e continuo crítica de algumas coisas). Beijos!
15 aninhos é muito tempo!!
Parabéns pelo post que está uma beleza!!
;)
Pisconight é bastante sim, mas nem parece... que bom que você está de volta. espero que tenha aproveitado bem as férias. Beijocas!
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