Des/ex/multi patriado e feliz - Blogagem coletiva
Este post faz part da blogagem coletiva que a nossa pink lady, Ciça, organizou. Passem lá no blog dela para ver todos que estão participando e leiam suas histórias. É muito interessante, pois embora tenhamos deixado os nossos países por motivos diversos e estejamos vivendo em países diferentes, algumas de nossas experiênicas (principalmente no campo emocional) são muito parecidas.
Eu vim para cá sem preparo algum. Não fazia idéia do que seria deixar o meu canto, miha família, meus amigos, meus costumes (e o meu feijão, gente que choque eu tive ao saber que não existia feijão preto aqui) e vir parar num país que sabia muito pouco a respeito. Só fui me dar conta do que estava fazendo quando me despedi do meu pessoal no aeroporto e daí o desespero bateu. Paro por aqui, pois senão coimeçarei a chorar e não terminarei este post, que por sinal já está atrasado.
É fácil viver longe da terrinha? Não, não é, mas fica mais tranquilo com o tempo dependendo de como você queira encarar a vida fora do seu país de origem. Uma coisa é certa, a saudades não desaparece, não diminui. Aquilo que você sentiu a primeira vez que se deu conta que estava com saudades de casa, continuará pro resto de sua vida. Então prepare-se para engolir a seco muitas vezes ao dia, chorar de vez em quando, reclamar mais do que de costume, comparar aqui e acolá, pois é isto que este sentimento chamado saudades desencadeia em você. E quer saber? É perfeitamente normal, aceitável e saudável (se controlado).
Por causa desta saudades, aprendi:
- A ver o Brasil com outros olhos. Aprendi a valorizar muitas coisas que quando estava lá nunca havia me dado conta. Nosso sistema educacional é milhões de vezes superior ao daqui, nossa comida, nossas roupas/moda, nossa maneira amigável, nossas praias, nosso sistema de transporte, nosso programa de reciclagem de lixo, nossa vaidade, nossa definição de família (pai, mãe, irmãos, primos, vizinhos, gatos, cachorros...), e tantas outras coisas são e sempre serão muito melhores dos que encontro aqui, e isto me dá o direito de reconhecer estes valores e aceitar que só os encotrarei lá, e ponto final. Não adianta querer procurá-los aqui que não encontrarei na escala que encontro lá. Então, pura perda de tempo e energia.
- A não baixar a crista para comentários idiotas e preconceituosos que encontrei (e ainda encontro) por aqui (e se encontrar fora daqui, também vale). O fato de eu ser estrangeira não me faz inferior a nenhuma pessoa que tenha nascido aqui. Se alguém tentar insinuar alguma gracinha maléfica ao fato de eu não ser daqui pode ter certeza que será esmigalhado, intelectualmente falando.
- A valorizar as coisas boas que há aqui: a tranquilidade de como o australiano encara a vida, o respeito que eles têm aos regulamentos/leis, a maneira não elitista que existe aqui (olha, me dá asco ver alguns brasileiros valorizar aqueles que tem poder (ou pose de poder) e menosprezar outros pura e simplesmente por causa do nível social - triste, deplorável e nojento), a possibilidade que qualquer um tem de ter um bom emprego, independente do nível educacional,...
E por sorte, hoje já tem feijão preto nesta terra (e farinha, e goiabada, e mandioca, e guaraná antártica, e café bom, e suco de soja e frutas, e picanha, e paçoquinha,e palmito).
Beijocas!
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17 comentários:
Parabéns pelo ótimo post, teus pontos de vista com certeza nos passam a dimensão do quanto deve e continua sendo complicado encarar o desconhecido, e, acima de tudo, controlar a saudade.
Oi Augusto, olha se não fosse pela saudades, tudo estaria 100%, mas a gente aprende a controlar. E acima de tudo, vale muito a pena conhecer outras culturas para valorizar ainda mais a nossa!
Aceitar as diferenças. Acho que é realmente como vc disse, isso é básico. Hum.. deve ser difícil ficar sem feijão.. faço uma idéia. Já estive em muitos lugares, visitei alguns países e senti tanta diferença!! Minha nossa, imagine viver.. Sem comentários. Bjuss
Seu post ficou otimo, e é muito interessante como a gente se reconhece em diversas experiências de outras pessoas que encararam morar fora.
Eu não tinha idéia sobre o sistema educacional da Australia. O do Brasil é tão melhor, sério?? *_*
Beijo!
Vizinhaaaaaa! Adorei o post! Aliás, estava com saudade de ti por aqui.
Edelize, com todas as dificuldades, de lá e de cá, eu dava uma unha minha pra passar uma temporada em outro país... Quem sabe meu gênio da lâmpada interior me ouve...
Beijos!
Mana, tu juras que educacao, transporte e reciclagem de lixo na Australia é ruim? Égua... vou ter de rever Australia como meu pais dos sonhos (depois do que criei na minha cabeca)???
In-Vestida: e acabei de saborear um feijão com arroz. Então, posso dizer que estou mai feliz ainda
Silvinha: acredito que todos passam por experiências semelhantes ao viver fora do ninho. É a experiência do desconhecido, das diferenças,e tudo é muito gratificante. Quanto ao sistema de ensino, baseado na minha experiência, temos uma educação bem formal, sistêmica generalista o que te dá uma base para fazer muitas coisas. Aqui a educação é mais especializada.
Ivana: esta fazendinha me fez abandonar o blog, pode? Que vício! Vem pra cá guria! Não faz bem passar vontade... Falando sério, é uma experiência ótima!
Ciça: juro, juro, juro... mas vim de Curitiba, lembra? e lá transporte e reciclagem de lixo não dá para por defeito, mas mesmo assim, isto aqui é um sonho de país!
Todo lugar tem seus problemas. O caso e´que nós brasileiros achamos sempre que o mundo aqui fora é melhor que o nosso. Nem sempre.
Mas uma coisa é fundamental: cortar o cordao umbilical para nao se sofrer tanto.
Um abraco
Georgia, obrigada pela visita. Concordo com o que disse, que muitos brasileiros acham o mundo aqui fora melhor. Na verdade, é tudo a mesma coisa, problemas e coisas boas existem em todos os lugares, e se todos esses brasileiros tivessem a oportunidade de viver fora, acho que valorizariam muito mais o que há por lá.
Quanto ao cordão umbilical, não acho que se deva cortá-lo. Minhas raízes fazem parte do que sou e não quero nunca perdê-las, então, no meu caso, o cordão ficará atachadinho. Beijocas!
Realmente amiga fácil nõa deve ser, mas com o tempo e boa vontade as coisa se ajeitam :)
Adorei a blogagem :)
Bjokas
Oi Fatima,
Adorei o seu post e o seu blog. Fiz o link no meu. Um beijo e até a proxima visita. Tchau!
Adorei o post! Você falou como uma pro mesmo, dá para sentir que foi um processo ao qual você foi aos poucos se adequando até achar a fórmula ideal. É fácil falar sobre aceitar as diferenças, mas é difícil na prática do dia a dia. Nem todo mundo consegue. Aqui em casa, numa proporção bem menor, lógico, temos que aplicar a tolerância com o "Outro". Mas, no final, a boa vontade faz com que tudo funcione e eu acho que o resultado é sempre positivo. Brincamos que é uma casa híbrida!
beijocas
O negócio é mesmo aceitar as diferenças e SOMAR!!!!!!!!!!
ps: não conheço o sistema de reciclagem de lixo do Brasil...qdo saí de lá de BH, em 2003, não havia nenhum:(
bjao
Vivi: o tempo promove milagres! Bjocas.
Ana Tereza: muito bem vinda! Logo passo te visitar. Bjos.
Chris: bem verdade, aceitar as diferenças não é um processo fácil. Acho que o "aceitar" significa parar de se incomodar com elas. Bjocas
Polly: também acredito no somar, mas somente as coisas boas que aqui tem para nos oferecer. Ah, of sistema de reciclagem de lixo a que me refiro é o de Curitiba. Bjus.
Edelize/Fatima
Nossa, mto legal mesmo tdo q vc falou aqui nesse seu post, e q experiencia de vida e q pessoa inteligente - mto obrigada por dividir tdo isso. Eh mt bom escutar outras historias e ate se identificar em mtas coisas, conforta e tb da esperanca ne! :) E ja notei sim q todos nos q vamos p longe das nossas raizes passam por mais ou menos as mesmas coisas e dificuldades, e de como geralmente so nos mesmos sabemos e entendemos de verdade o q eh viver isso. Pq ja tive algumas pessoas me falando (ou pensando): se tu sofre estando longe - pq nao volta? Ah, q bom se fosse simples assim ne... Mas eh bem verdade, acho q o q faz a diferenca eh como encaramos toda essa mudanca, so eh as vezes dificil conseguir encarar da maneira certa. Bom, mto obrigada!
Tatiana
Tati: obrigada por suas palavras. É certo, a gente se identifica muito nestes relatos. Eu sempre ouço esta história, se não está feliz aqui porque não volta? Me dá uma raiva enorme, pois a pessoa não entende (ou talvez ela não tenha parâmetros para entender por nunca ter vivenciado o que é estar longe de tantas coisas que nos definem como pessoas). Para este tipo de pessoa, não perco meu tempo, pois a questão não é a felicidade em si, mas a falta de certas coisas que te completam. Beijocas
Teus posts são ótimos! Adorei o texto!
PS: será que rola um encontro de Natal dos bloggers brazucar? :p
Que tal sexta dia 18/12?
Meio em cima da hora eu sei, mas não a "tentiada é livre" né? heheheh
bjo bjo
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